A cultura pode ser entendida como um conjunto de crenças, valores, normas, práticas e artefatos que são compartilhados por um grupo de indivíduos e que são transmitidos de geração em geração. Esses elementos culturais podem afetar a forma como as pessoas percebem o mundo, pensam, se comportam e se relacionam com os outros.

A Neurociência explica
A neurociência é o estudo do sistema nervoso, incluindo o cérebro, a medula espinhal e os nervos periféricos. Através de técnicas avançadas de imagem cerebral, como a ressonância magnética funcional (fMRI), os neurocientistas são capazes de estudar como diferentes aspectos da cultura afetam a atividade cerebral e como o cérebro humano processa informações culturais.
A relação entre cultura e neurociência tem sido objeto de estudo de diversas áreas de pesquisa, desde a antropologia até a psicologia e a neurociência cognitiva. Essa interdisciplinaridade tem permitido avanços significativos na compreensão de como a cultura molda o cérebro humano e como o cérebro humano, por sua vez, influencia e é influenciado pela cultura.

Aprender outras línguas
Um exemplo de como a cultura pode moldar o cérebro humano é o estudo de línguas. Estudos com falantes bilíngues mostram que o aprendizado de uma segunda língua pode levar a mudanças na estrutura e função do cérebro, especialmente em áreas associadas ao controle cognitivo e à atenção. Além disso, falantes bilíngues têm demonstrado melhor desempenho em tarefas que exigem flexibilidade cognitiva e habilidades de resolução de problemas.
Outro exemplo é o estudo de como a cultura influencia a percepção visual. Pesquisas mostram que indivíduos de culturas ocidentais, que valorizam a individualidade e a autonomia, tendem a focar mais em objetos isolados e a ignorar o fundo da imagem, enquanto indivíduos de culturas orientais, que valorizam a interdependência e a harmonia, tendem a prestar mais atenção ao contexto geral da imagem.

As emoções
Além disso, a cultura também pode influenciar a forma como o cérebro humano processa emoções. Estudos mostram que indivíduos de culturas coletivistas, que valorizam a harmonia e a interdependência, tendem a se concentrar mais nas emoções dos outros do que em suas próprias emoções, enquanto indivíduos de culturas individualistas, que valorizam a independência e a realização pessoal, tendem a se concentrar mais em suas próprias emoções.
Uma das maneiras pelas quais a cultura pode influenciar nosso cérebro é através da plasticidade cerebral. A plasticidade cerebral é a capacidade do cérebro de se adaptar e mudar ao longo da vida, com base em nossas experiências e ambiente. Por exemplo, estudos têm mostrado que pessoas que crescem em culturas onde a linguagem é tonal (como no mandarim) têm uma maior capacidade de distinguir entre diferentes tons de voz, o que é refletido em uma maior ativação de certas áreas do cérebro quando eles ouvem a fala.
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Além disso, a cultura pode influenciar nossos comportamentos e emoções. Por exemplo, em algumas culturas, a expressão de emoções positivas (como felicidade) é incentivada e valorizada, enquanto em outras, é mais comum suprimir essas emoções em público. Isso pode afetar a atividade em diferentes regiões do cérebro envolvidas na expressão e regulação emocional.

Estudos têm mostrado que a meditação pode alterar a atividade em certas áreas do cérebro e reduzir os níveis de estresse, ansiedade e depressão. Isso pode ser particularmente relevante em culturas onde a meditação é uma prática comum, como na Índia ou no Japão.
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Outro exemplo é a influência da música na cultura e no cérebro. Pesquisas mostram que a música pode ativar várias áreas do cérebro, incluindo aquelas envolvidas na memória, emoção e atenção. Em algumas culturas, a música é usada como uma ferramenta terapêutica, para aliviar a dor ou promover a cura. Em outras culturas, a música é usada para se comunicar ou contar histórias.
A cultura e a neurociência estão intimamente relacionadas, e entender como elas se influenciam pode nos ajudar a entender melhor a nós mesmos e aos outros. À medida que continuamos a explorar esses tópicos, podemos descobrir novas maneiras de promover a saúde mental, a resiliência e a compreensão intercultural. Compreender essa interação pode nos ajudar a construir sociedades mais justas e inclusivas, que valorizam a diversidade cultural e promovem o bem-estar humano.
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